sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Vendem-se filhotes de rottweiler

Passando por uma rua de periferia da capital cearense, Fortaleza, um bem sucedido advogado tem sua atenção presa a uma placa timidamente fixa a uma cerca de ripas de uma humilde residência. Na placa lia-se “vendi-si fiote de rotivale”. Pôs-se o advogado a ler e reler, até que finalmente decidiu bater no pequeno portão a chamar alguém que viesse atendê-lo. É quando sai uma jovem senhora. Mal vestida e com ares de extrema humildade, a senhora pergunta: “Pois não, dotô... Posso ajudar?”. - Sim, senhora (diz o advogado). Esses cachorrinhos que vocês estão vendendo, são puros? - Tem mistura não, dotô... São ‘original’! Nós "peguemo" a bichinha prenha em conta do dono do sítio aqui vizinho. O advogado, solícito, pergunta quantos cachorrinhos estão à venda, ao que a senhora responde que são três. “Eram cinco, ‘morreu’ dois, dotô. Nós ‘tamo’ vendendo pra ‘pagá’ a ‘budega’ e a escola do Francisco, que ‘tá’ atrasada”. Procurando esconder a emoção que sentia naquele momento, o advogado volta a fazer indagações disfarçadas. - É... dívida é ruim mesmo. Mas quanto a senhora deve na “bodega”? - Mais ou menos doze ‘real’, foi de uma comprinha que nós “fez” dia desse... Na escola do Francisco “é” mais ou menos uns trezentos e cinqüenta. “É” dois “mês” de atraso. Perguntada sobre o valor dos filhotes, a senhora respondeu que “até por trinta, um pelo outro”. O advogado comprou os três filhotes de rottweiller a R$ 100 cada, “convencendo” a senhora de que, no mercado, um filhote daqueles não sairia por menos de R$ 150. Estranhamente, pagou com cinco notas de R$ 100; disse à senhora que guardasse o troco e foi-se embora para nunca mais ser visto por aquela humilde família. Moral: se, naquela placa, fosse lido “vendem-se filhotes de rottweiler”, certamente o advogado não passaria do “vendem-se”... A curiosidade e a singeleza da mensagem lhe prenderam a atenção...

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