Brasília/DF - A Polícia Federal informa que deflagrou na última terça-feira, 6/11, a Operação Eldorado, com objetivo de desarticular organização criminosa dedicada à extração ilegal de ouro em terras indígenas Kayabi e garimpos ilegais na região do rio Teles Pires, estado de Mato Grosso para posterior comercialização no Sistema Financeiro Nacional (SFN).
A
operação consistiu no cumprimento de 28 mandados de prisão temporária, oito
mandados de condução coercitiva e 64 mandados de busca e apreensão, os quais
foram cumpridos nos estados de Mato Grosso, Pará, Rondônia, Amazonas, São
Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
As
investigações, que tiveram início em fevereiro deste ano, verificaram que o
ouro extraído das áreas indígenas e dos garimpos ilegais, era adquirido por
empresas Distribuidoras de Títulos de Valores Mobiliários – DTVM's e, após
dissimular a origem, era vendido como ativo financeiro para investidores em São
Paulo. Em dez meses de investigação, foi possível constatar que uma das
empresas distribuidoras, das três envolvidas no esquema, movimentou mais de R$
150 milhões.
O
ouro era extraído através de balsas garimpeiras ilegais. No total, cada balsa
rendia um valor de R$ 500 mil por mês, totalizando R$ 84 milhões ao ano, tendo
em vista a presença de quatorze balsas na região.
Cada
balsa pagaria aos índios da aldeia o valor de R$ 30 mil, totalizando a quantia
de R$ 420 mil mensalmente.
Por
determinação judicial, foi iniciado o trabalho de inutilização das mencionadas
balsas na terça-feira, 6/11. Com o início da ação policial, cerca de 60 índios
tentaram invadir a localidade onde se encontrava o coordenador da Operação
Eldorado, ameaçando os policiais com arcos e flechas. Os índios pretendiam
impedir a ação policial.
Após
quatro horas de negociação, o líder dos índios fez um acordo com o coordenador
de operação, concordando com que o trabalho dos policiais fosse desenvolvido
regularmente no dia seguinte.
Na
quarta-feira (7/11), os policiais, conforme acordo do dia anterior, se
deslocaram para as proximidades da aldeia para dar seguimento à operação
inutilizando balsa que ali se encontrava e que pertenceria ao líder dos índios.
Entretanto, foi feita uma emboscada no local e o líder indígena atacou o
coordenador da operação, dando um golpe de borduna em seu ombro. Mais de cem
índios “pintados para a guerra” atacaram com armas de fogo e arcos e flechas
cerca de 35 policiais.
Interceptação
telefônica realizada com autorização judicial comprova que havia intenção
anterior do líder indígena em atacar os policiais.
Os
policiais utilizaram bombas de gás para proteção pessoal e dos servidores do
IBAMA e da FUNAI que se encontravam com balsa. Posteriormente, os policiais
utilizaram a força necessária para reprimir o ataque sofrido, tendo em vista o
grande número de disparos de armas de fogo vindos da aldeia.
Houve
registro de seis indígenas feridos, sendo que todos foram socorridos pelos
policiais federais e dois transferidos para Cuiabá/MT para devido tratamento.
Além disso, três policiais (2 federais e 1 da Força Nacional de Segurança)
também foram feridos.
Dezenove
índios foram detidos para prestar depoimento e posteriormente liberados. Foram
apreendidas quinze armas de calibres diversos, além de bordunas, arcos, flechas
e facões.
Por
fim, a Polícia Federal informa que instaurou inquérito para apurar os
incidentes.
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