terça-feira, 10 de agosto de 2010

Capelinha de São José da Mata – Sacrifício em nome da fé

Nesta semana, o Blog estará publicando uma série de três reportagens bordando a expedição à Capelinha de São José da Mata, um desafio através do Parque Nacional da Amazônia. Nesta primeira reportagem, você vai acompanhar o início da peregrinação, um misto de devoção, amor e fé, que move um pequeno grupo por arriscadas trilhas no coração da selva.

O Parque Nacional da Amazônia é um verdadeiro universo verde, com cerca de um milhão de hectares da maior floresta tropical do mundo, localizado entre os estados do Pará e Amazonas, configurando-se como um laboratório vivo, onde se concentram bilhões de espécies animais e vegetais, em um bioma que chama a atenção do planeta. É através deste complexo mundo, de seres estranhos e árvores gigantescas, que acontece a peregrinação, uma tradição que começou há mais de um século.

Estamos a 80 quilômetros de Itaituba, na rodovia Transamazônica, em pleno Parque Nacional da Amazônia. Neste ponto, começa o nosso maior desafio, que consiste em se adaptar, em um curto espaço de tempo, às adversas condições climáticas da floresta. Senhoras de meia idade e idosas acompanham o grupo. Estamos em número de 17 pessoas, incluindo o vereador Raimundo Santos Pimentel, o “Dico”, idealizador da caminhada.

Nossa caminhada começa por uma trilha, que foi aberta no início do século passado, mas que ficou perdida, e só voltou a ser localizada vinte anos atrás, quando a lenda da Capelinha de São José da Mata começou a ser comentada em Itaituba. A história despertou o interesse deste vereador, que é devoto de São José. Ele conta que foram várias tentativas, até que finalmente, foram encontrados os sinais da trilha que levaria até a capelinha. Segundo ele, a emoção foi tão forte que não existem palavras para expressar o momento. “Tentamos uma, duas, três vezes. Na quarta vez, encontramos a Capelinha. Foi uma emoção que eu não sei descrever. Foi como se eu estivesse chegando em um outro universo, foi lindo pra mim”, diz, emocionado.

A Caminhada

A trilha pelo meio da selva oferece momentos especiais para quem gosta do turismo ecológico. Árvores gigantescas, com até 80 metros de altura, desafiando a gravidade, com suas copas protegendo as menores. A floresta, por si, já é um grande espetáculo. Ela se mantém por conta própria. Tudo acontece em um ciclo natural interminável. Os galhos e as folhas secas entram em processo de decomposição e se transformam em adubo. Neste universo vegetal, a regra é nascer, crescer, envelhecer e morrer, dando lugar a novas e diferentes formas de vida.

Amilton Farias, instrutor de rapel e outros esportes radicais, orienta para determinados cuidados que as pessoas precisam tomar para que não haja problema. “Aqui, o homem precisa respeitar todos os espaços, para não se expor a riscos desnecessários”, diz.

Para enfrentar a caminhada, roupas leves, pouca bagagem e muita energia. Afinal, a floresta é receptiva, mas o clima quente e úmido pode se transformar em um grande inimigo. No grupo, estão homens e mulheres, movidos por um espírito de fé e devoção, que parece acumular a energia necessária para vencer os obstáculos. É com este espírito que a caminhada tende a se tornar uma tradição, que, por sua vez, nasce de uma lenda que teve sua origem baseada na fé de um explorador. Mas esta parte da história é assunto para uma próxima reportagem.

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