terça-feira, 9 de abril de 2013

Porto em Itaituba vai salvar exportações do Brasil

Miritituba: Posição estratégica para facilitar exportações
O pequeno distrito de Miritituba, em Itaituba, Oeste do Pará, saiu da pacata situação de anonimato para tornar-se alvo da atenção dos principais investidores nacionais e internacionais. O local pode se transformar num dos maiores portos de escoamento de grãos do país. Sua localização estratégica, às margens do rio Tapajós, a 300 quilômetros ao sul de Santarém e com acesso curto e rápido para a BR-163 (Santarém / Cuiabá), pode ser – literalmente – a “salvação da lavoura”, garantindo o rápido escoamento da safra nacional.
Ironicamente, o fato responsável pela ascensão de Miritituba foi a crise portuária que afetou, principalmente, os produtores de soja do Mato Grosso. Na semana passada a empresa Sunrise, gigante exportadora da China, anunciou o cancelamento da compra de pelo menos dois milhões de toneladas de soja do Brasil, alegando atrasos na entrega por causa das longas filas nos portos. Foi o primeiro grande contrato suspenso por causa de problemas logísticos.
A Sunrise disse que deveria ter recebido seis navios em fevereiro e outros seis em março. Principal comprador da soja brasileira, a China informou que vai comprar o grão da Argentina.
O apagão logístico atingiu os principais canais de escoamento da soja do país, os portos de Paranaguá e Santos, sendo este último, o maior da América Latina. O engarrafamento de caminhões nesses portos chegou a atingir 34 quilômetros. A situação de congestionamento promete ficar pior nos próximos meses. Com a estimativa de safra recorde de grãos – o pico da comercialização da soja é agora em abril e maio, quando começa também a ser escoada a safra de açúcar, seguida do milho e algodão – os congestionamentos de caminhões para descarregamento tendem a ser inevitáveis.
Por tudo isso, a melhoria de acesso ao Porto de Miritituba tomou conta dos noticiários e está mudando a rotina do pequeno distrito. Empresas gigantes da área de importação e exportação de produtos, como as americanas Bunge e Cargill, já estão preparando a construção de terminais de carga na pequena Miritituba. Empresas especializadas em operações logísticas em importações e exportações de produtos como Hidrovias do Brasil, Cianport, Unirios e Terfron também já adquiriram terrenos para a construção de suas instalações.
Mas isso depende da pavimentação da rodovia BR – 163, que ligará Mato Grosso do Sul com Miritituba, agilizando o embarque e transporte dos grãos. Isso irá reduzir em 700 quilômetros o trajeto atual da carga exportada pelo porto de Santos.
O diretor geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Jorge Fraxe, afirmou, na semana passada, que o governo vai concluir a obra em seis meses. A partir de maio, o órgão promete retomar as obras de pavimentação e revestimento da rodovia. O primeiro trecho a ser retomado, de 1,1 quilômetros de extensão, será o da divisa com o Estado do Mato Grosso e Santarém. São cerca de 560 quilômetros de estradas de terra à espera do asfalto.
Ao longo do trajeto, algumas pontes ainda precisam ser instaladas. Em muitos trechos, há problemas graves de erosão e presença de minas d’água, situação que exigirá intervenções pesadas de drenagem. Na região Norte, apenas para lembrar, o trabalho só pode ser feito durante seis meses por ano, por causa do período de chuvas.
O diretor do Dnit informou ainda que será investido R$ 1,2 bilhão na obra. De acordo com o general Jorge Fraxe, a obra da rodovia é uma das prioridades do Departamento. “Vamos fazer um RCD (Regime de Contratação Diferenciada) e fazer o possível para entregar em 2014. Este é um empreendimento que quero ir de Cuiabá até o porto de Santarém ainda no primeiro semestre de 2014”, disse Fraxe.
O general disse que a obra será executada mesmo no pe ríodo chuvoso. “O Dnit irá utilizar técnica de túneis móveis, espécie de coberturas que mantém as condições para a realização das obras e já está em plena execução em outros empreendimentos, inclusive na região amazônica”, explicou. (Diário do Pará)

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