quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Itaituba: Interdição da Estrada do BIS já dura mais de 24 horas

Indígenas querem início imediato das obras de pavimentação
O PROTESTO É COMANDADO POR UM GRUPO DE ÍNDIOS DA ETNIA MUNDURUKÚ, QUE TIVERAM, ONTEM À NOITE, UMA REUNIÃO COM OS EMPRESÁRIOS QUE TAMBÉM DEPENDEM DA ESTRADA >>> A interdição da estrada municipal que dá acesso ao quartel do 53º BIS acontece desde as seis horas da manhã de ontem. O movimento é em protesto contra as péssimas condições da estrada, que tem uma grande importância social e econômica para o município. O protesto é comandado por um grupo de índios da etnia Mundurukú, que moram na aldeia Praia do Índio, a quatro quilômetros do centro da cidade. Eles reclamam que, no verão, a poeira invade as casas e ameaça, até mesmo a saúde de crianças e idosos. A primeira manifestação aconteceu deste mesmo modo há exatamente seis meses, em 13 de Abril, quando os indígenas chamaram a atenção para o problema. Na ocasião, a Prefeitura alegou que não tinha dinheiro para bancar a obra e pediu apoio do Estado. Foi assumido o compromisso de tomar providências, e os índios aceitaram a proposta, mas alertaram que o não cumprimento provocaria um novo protesto, como aconteceu agora. No mês passado, um engenheiro da Secretaria de Transporte do Estado esteve em Itaituba e garantiu que o processo de licitação começaria o mais rápido possível, e as obras seriam executadas em uma parceria com a Prefeitura. Mas os manifestantes não aceitam o argumento de que, a partir do lançamento, o processo licitatório pode levar até quarenta e cinco dias, e acabaram tomando a decisão de interditar a estrada novamente. Ao longo desta via, estão instaladas várias empresas, e os empresários dizem que também estão sendo prejudicados. Eles se reuniram com os manifestantes e declararam seu apoio. Mas esperam que a situação se resolva, antes que os impactos na economia sejam maiores.
Durante a reunião, a líder indígena Alessandra Korap Mundurukú fez um relato emocionado do sacrifício que é para as famílias viver nessas condições. “Eu não estou aqui por mim, mas sim pelas minhas crianças; estou lutando pelos meus parentes mais velhos e até pelos irmãos brancos que estão cansados desse sofrimento. Eu vejo meus filhos andando por essa estrada, sob o risco de adoecerem ou sofrer um acidente. Até hoje, Deus pôs a mão na frente e não deixou que isso acontecesse. Mas estamos cansados. Não queremos mais isso, gente. Nós queremos ajuda. Nos ajudem, ajudem a nós e a todas as famílias que vivem aqui, nesse sacrifício”, disse, aos prantos.
A reunião não rendeu exatamente o que era esperado. Até mesmo a proposta de liberar o tráfego por uma hora, a cada 72 horas de protesto, foi recusada. Os índios também informaram que estão mobilizando cerca de cem parentes para fortalecer a manifestação. Eles também reclamam da falta de diálogo com a Prefeitura e da ausência da Câmara de Vereadores.
“Nós queremos alertar que ninguém está aqui brincando. Nós estamos com outros parentes aguardando somente para serem chamados. Também estamos dispostos a permanecer aqui pelo tempo que for necessário. Não vamos recuar, porque estamos lutando pelos nossos direitos”, enfatizou o líder indígena Everaldo Manhuare.
Ao final da reunião, os empresários continuavam declarando apoio ao movimento, mas também pediram agilidade na solução do problema.

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