quinta-feira, 9 de junho de 2011

Manifestantes sem-teto voltam a interditar a Transamazônica


Um novo bloqueio da rodovia Transamazônica está acontecendo nesta manhã de quinta-feira (09). O local, no distrito de Miritituba, em Itaituba, Oeste do Estado, é o mesmo em que, em menos de 10 meses, já aconteceram duas manifestações no mesmo modelo. Desta vez, a interdição foi organizada por famílias que se dizem afetadas diretamente pelo desastre natural que aconteceu no mês passado, quando um deslizamento de terras da encosta do Morro de Miritituba deixou quatro mortos e centenas de desabrigados.
Vários viajantes tiveram que atravessar carregando a bagagem
O protesto foi organizado ontem e a mobilização começou por volta das 02h desta madrugada. O bloqueio da rodovia aconteceu às 04h em ponto. Para interditar a rodovia, foram usados pedaços de madeira e um tanque de ferro pesando cerca de 12 toneladas, além disso, vários pneus foram queimados para chamar a atenção. Ainda desavisados, motoristas que saem de Itaituba e atravessam o rio Tapajós pela balsa, acabam deparando com o bloqueio, e a fila de carros vai aumentando. Neste momento, pelo menos 50 caminhões, carros pequenos, caminhonetes e ônibus de passageiros estão parados no trecho de 400 metros, entre o bloqueio e o porto de Miritituba. Do outro lado, ônibus, caminhões, caminhonetes e outros veículos também engrossam uma fila que já atinge mais de 2 quilômetros.

Entre os carros parados, estão vários que transportam bebidas, frutas, legumes e outros produtos perecíveis. Os motoristas, por sua vez, protestam por estarem com sua viagem e negócios comprometidos. “Nós temos compromissos com dia e hora marcados. Se esse pessoal quer protestar, que proteste contra a Prefeitura. Isso aqui é uma rodovia federal”, diz o motorista Arnaldo Frömmer, do Matogrosso.

Segundo os manifestantes, o que motivou o protesto foi a desigualdade que existe em relação à distribuição de cestas básicas, alimentos diversos e outros produtos para as famílias afetadas. Eles também dizem que os terrenos que a Prefeitura diz ter comprado para que fossem construídas as casas de quem foi remanejado das áreas de risco não é o suficiente. “Não é possível que tenhamos que viver nessa condição de humilhação. Nós já conversamos praticamente com todo mundo, com a Defesa Civil, com o prefeito, com o pessoal da assistência social, e nada. Nós temos famílias. Precisamos de moradia. Se eles nos tiraram de um lugar, não podem simplesmente nos deixar jogados. Além disso, foram feitas várias campanhas de arrecadação de donativos para nossas famílias, mas a distribuição não chegou nem perto do que seria o ideal para atender a todos”, diz a dona-de-casa Aldiléa Santos.
Policias Rodoviários Federais tentaram negociar com os manifestantes
Homens da Polícia Rodoviária Federal juntamente com uma guarnição da Polícia Militar estiveram no local tentando negociar com os manifestantes a desinterdição da rodovia, mas o máximo que conseguiram foi a garantia da passagem de ambulâncias, viaturas policiais e do Corpo de Bombeiros, carros que fazem transporte escolar e coleta de lixo urbano, além da liberação para qualquer veículo que esteja transportando pessoas doentes. Até o momento, não há nenhuma definição, e a situação permanece em condição de impasse.

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