quarta-feira, 9 de junho de 2010

"É Assim Que Ladrão Faz"...

Captei essa da colega Larissa Moreira e achei interessante ao ponto de publicar para que os demais jornalistas possam compartilhar.

Atente para os detalhes...

Outro dia, à noite, fui à casa de uma amiga, ajudar a buscar as coisas dela e fazer a mudança para outra casa. Ela mora em um beco, numa ladeira, no final de uma rua. Enquanto descia para pegar as coisas, fiquei esperando e observando um grupo de meninos que jogava futebol.
Quando estava quase indo embora, entrei no carro e comecei a escutar uma conversa entre os garotos.
- Mais tarde vou lá no Cidade Nova!
- Como vai fazer pra chegar lá? Longe pra caramba e você só tem essa bicicleta.
- Que nada! Vou pegar um táxi ali na rua principal.
Intrigados os meninos perguntaram:
- E vai pagar como? Você nem tem grana.
- Quando chegar em algum lugar por lá, vou enganar o motorista, dizer que vou buscar o dinheiro em uma das casas. Aí eu entro, pulo o muro da casa e fujo sem ele ver. - O garoto ainda zoou - Depois de um tempo, com a demora, ele vai chamar na casa atrás de mim, mas ninguém vai saber quem sou eu! O motorista vai ficar louco! - o garoto riu.
Alguns dos meninos acharam graça e não acreditaram que ele realmente pudesse ser capaz de fazer algo assim. Os demais, assustados desaprovaram a idéia, repreenderam a atitude, disseram que eles não achavam legal fazer esse tipo de brincadeira e alertaram para o perigo.
Um deles perguntou:
- Você já fez isso alguma vez? E não aconteceu nada?
- Já sim! Deu certo cara! É isso que ladrão faz. - Esta frase me chamou muito a atenção.
- Já pensou que um dia pode não dar certo? Você vai acabar se dando mal ou sendo preso. Os taxistas marcam o rosto da pessoa e pegam ela depois.
- Não, não... Estou só curtindo um pouco. Enquanto está dando certo, eu aproveito pra zoar com os outros. No dia que não der, eu acabo dando um tempo.
O que mais me chamou atenção nesta conversa, que é comum em alguns lugares da cidade, foi a banalidade que um garoto, que parece ainda ser menor de idade, trata o crime, ao dizer que é só curtição. E se considerando um verdadeiro ladrão, como se pudesse ter algum privilégio com isso.
Mas fico muito aliviada por outro lado, pelo fato de ainda existirem garotos que pensam de maneira diferente, que conseguem ver um futuro além da criminalidade. E dizem que vale mais seguir a vida honestamente. São estes poucos que nos fazem perceber que ainda podemos ter esperança de que essa violência e esses crimes, banais ou não, podem ter fim, ou pelo menos dar uma trégua.

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