terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Raça Escura e Sofrida


O corpo da raça arde
Fora da tua nação...
Distante de tua casa
Sem pecado, sem perdão

Sente no corpo desnudo
Dormente a dor que lhe aquece
Joelho que ao chão desce
Sangue gotejando o chão

Açoitada pela vida
A raça de corpo escuro
No escuro da tinta sobre
O papel saiu da lida

Vendo seu caminho aberto
Vendo sua chama acesa
Vendo seus pulsos libertos
Pelas mãos de uma princesa

Mas já tava acostumado
A ser indigno achado
Já não vê vida tão dura
Já não são tão doloridas
As dores que invadem o corpo
Da raça de cor escura


Muitos escravos libertos não queriam a liberdade. Eles se acostumaram; nasceram escravos. E, mesmo que tivessem seus filhos e netos nascendo livres, viram na nova vida um vazio imenso. E foi assim que se criou uma nova classe, a classe dos ex-escravos que não queriam ser livres!

Viagens...

Das nuvens do céu tirei desenhos de bichos que via no mato.

Mas foi no chão, no terreiro da casa da tia Fátima, que desenhei um céu cheio de estrelas

Eu me via voltar a ser menino, a cada vez que pisava no chão.

E me sentia pisando no céu
O céu do terreiro da casa da tia Fátima me fazia feliz...

...e ela repetia, brincando, que menino como eu dava medo de não se criar!

Eu amava muito a tia Fátima...